Expectativas profissionais dos estudantes de enfermagem de nível médio e superior – evidência de dois países da África Subsariana
Resumo
Introdução
Na última década, em alguns dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, foi criado o grau de licenciado em enfermagem (4 anos de formação de nível superior) que passou a co-existir com a formação de nível médio (3 anos). Não existe evidência sobre as expectativas profissionais dos alunos de nível superior e se estas diferem das dos de nível médio. Contudo, quando as expectativas profissionais não são atingidas, os profissionais podem ficar insatisfeitos e desmotivados o que, em última análise, condiciona a qualidade dos cuidados prestados.
Objetivos
Identificar e comparar as expectativas profissionais futuras dos alunos de enfermagem de nível médio e de nível superior.
Material e métodos
Estudo observacional, transversal, multicêntrico, realizado em duas escolas de Enfermagem da Guiné Bissau e uma de São Tomé e Príncipe, no ano letivo de 2010/2011. A população do estudo incluiu todos os alunos do último ano das escolas selecionadas. Foi aplicado um questionário de perguntas de resposta fechada utilizado anteriormente em estudos semelhantes. De modo a identificar grupos de alunos que partilhavam caraterísticas sociodemográficas e expectativas profissionais comuns, foi usada a análise de correspondência múltipla da Escola de Leiden do software SPSS v.20.
Resultados
Os alunos de enfermagem de nível médio não diferiam dos de nível universitário em termos de caraterísticas sociodemográficas, independentemente do país de origem. Os estudantes de enfermagem de nível universitário esperavam trabalhar no setor privado e no público (duplo emprego), na administração central do sistema de saúde e ter um salário de mais de 200 euros por mês. Os alunos de nível médio de São Tomé e Príncipe e da Guiné Bissau esperavam trabalhar no setor público, num hospital e ganhar menos de 200 euros mensais.
Discussão
O aumento do número de anos de formação dos enfermeiros não pode ser dissociado das expectativas profissionais dos recém-formados e da capacidade dos sistemas de saúde para dar resposta a estas expectativas. Se o aumento do número de anos de formação de enfermeiros for dissociado de uma política de recursos humanos da saúde mais abrangente, pode dar lugar à insatisfação e desmotivação dos enfermeiros cujo desempenho pode ser inferior, podendo mesmo abandonar a profissão ou emigrar.
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