Caso clínico: doente do sexo feminino de 28 anos com febre e trombocitopénia
Resumo
INTRODUÇÃO: A malária integra as hipóteses de diagnóstico diferencial em doentes com febre, provenientes de regiões endémicas. Os contadores hematológicos atuais não foram especificamente desenhados para identificar alterações associadas a malária. Assim, a observação do esfregaço de sangue periférico (ESP) permanece imprescindível.
DESCRIÇÃO DO CASO: Uma mulher de 28 anos, residente em Angola, recorreu a assistência médica, devido a febre, mialgias, tosse, cefaleias e diarreia. O hemograma revelou trombocitopénia (130.000x106/L). A pesquisa de Plasmodium em ESP e de anticorpos anti-dengue foram, respetivamente, negativas. Dois dias depois, a doente viajou para Portugal, onde se dirigiu a um serviço de urgência (SU). Analiticamente, observou-se agravamento da trombocitopénia (47.000x106/L), elevação das transaminases (ALT 124 UI/L, AST 97 UI/L) e uma proteína C-reativa (PCR) de 2,66 g/dL. A pesquisa de Plasmodium e de anti- -corpos anti-dengue foi negativa. O hemograma foi repetido 3 dias depois, revelando 8% de large unstained cells (LUC). Após observação de ESP para contagem leucocitária diferencial, foram identificadas algumas formas de Plasmodium malariae.
CONCLUSÕES: Embora o ESP se revele imprescindível para o diagnóstico de malária, parasitémias baixas podem inicialmente ser indetectáveis. Assim, a pesquisa de Plasmodium deverá ser repetida a cada 12-24 horas, até perfazer 3 conjuntos de lâminas observadas.