Os túmulos pelas ruínas | A história pelas paredes | A peste branca pelas memórias: a arquitetura dos sanatórios para a tuberculose em Portugal (1850-1970)

  • José Carlos Avelãs Nunes Arquiteto, PhD, Investigador CIUHCT – U. de Lisboa;CEIS20 – U. de Coimbra, Portugal
Palavras-chave: Sanatórios, tuberculose, história da medicina, história da arquitetura, arquiteturas da saúde

Resumo

A tuberculose foi uma das principais hecatombes a partir do século XIX e considerada uma das mais importantes doenças do século XX. Como elemento dizimador de parte da população portuguesa, congregou esforços de luta por parte dos médicos, dos arquitetos e de uma intricada rede de esferas de poder. Os elementos mais visíveis para este combate foram os sanatórios, como arquiteturas para a tuberculose. São, assim, um dos baluartes dos pensamentos médico, arquitetónico e social e cujas implicações são, ainda hoje, pouco conhecidas. Os sanatórios para a tuberculose sofreram processos de mutação estrutural e arquitetónica, acompanhando e respondendo aos desenvolvimentos médicos, desde 1850 e até 1970. Desta forma, constituem-se como documentos fundamentais para a compreensão da história da arquitetura e da medicina e, em particular, da história da tuberculose. Enquanto ecos de memórias, são também património sem voz, em forma de sepulturas – na realidade, antíteses do seu próprio programa. Outrora símbolos de saúde, de salvaguarda urbana, de aparente cura e de clara profilaxia, estão atualmente, largados ao abandono. Não só as estruturas, mas também os seus registos, o seu espólio e o seu equipamento estão em risco. O seu estudo interdisciplinar desvenda uma série de relações, importantes para a historiografia médica e arquitetónica.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Choay F. Alegoria do Património. Lisboa: Edições 70, 2010, pp. 11, 17, 18, 27

V. a título de exemplo, os trabalhos de Costa R. G.-R. O Sanatório João de Almada e o Armamento Anti-tuberculoso em Portugal (1934). Revista Islenha, 2014; (54): 135-148 ou de Vieira, I. C. Conhecer, tratar e combater a “peste branca”. A tisiologia e a luta contra a tuberculose em Portugal (1853-1975). Porto: Ed.

Afrontamento, 2015

Porter, R. Blood & Guts: a short history of Medicine. New York; London: W. W. Norton & Company, 2004

Avelãs Nunes J. C. D. R. O(s) berço(s) da arquitectura branca em Portugal: o surgimento dos primeiros sanatórios de tuberculose. Livro de Actas do Congresso Luso-Brasileiro de História das Ciências [cd-rom]. Coimbra: Universidade de Coimbra: 910-927.

Porter, R., Granshaw L. The Hospital in History. London: Routledge; 1990 e Galison P., Thompson, E. (eds.). The Architecture of Science. Cambridge: MIT Press; 1999

Avelãs Nunes J. C. D. R. A arquitectura dos sanatórios em Portugal: 1859- 1970 (vol. I). [Tese de Doutoramento]. Universidade de Coimbra: Coimbra, 2017

Avelãs Nunes J. C. D. R. A arquitectura dos sanatórios em Portugal: 1859- 1970 (vol. II). [Tese de Doutoramento]. Universidade de Coimbra: Coimbra, 2017

Campbell M. What Tuberculosis did for Modernism: The Influence of a Curative Environment on Modernist Design and Architecture. Medical History, 2005; 49, 4: 463-488.

Barros Veloso A. J. Caramulo - Ascensão e queda de uma estância de tuberculosos. Lisboa: By the Book; 2009

Martins J. P. d. R. Cottinelli Telmo 1897-1948. [Dissertação de Mestrado]. Univ. Nova de Lisboa: Lisboa e Avelãs Nunes J. C. D. R. From white wall to light room: transfiguration of sanatoriums for tuberculosis, between Cottinelli Telmo and Eduardo Souto de Moura. In 14th International DOCOMOMO conference - adaptative reuse: the modern movement towards the future proceedings, Lisboa; DOCOMOMO, Casa da Cultura, Lisboa; 2016, pp. 523-529

Avelãs Nunes J. C. D. R. O Grande Hospital Sanatório de Lisboa (Vasco Regaleira, 1936-1946): megalomania arquitectónica sanatorial ou a tipificação experiencial do maior hospital português?. In 3º. Encontro Nacional de História das Ciências e da Tecnologia, ciência, crise e mudança. Évora: Caleidoscópio; 2012. pp. 117-118

Avelãs Nunes J. C. D. R. A tuberculose em Portugal: quando o mobiliário é terapêutica e o espaço profilaxia. In Mobiliário para Edifícios Públicos. Portugal. 1934-74, Lisboa: Museu de Arte e Design de Lisboa e Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa, Caleidoscópio; 2015. pp. 112-117

Publicado
2019-04-22
Como Citar
1.
Avelãs Nunes JC. Os túmulos pelas ruínas | A história pelas paredes | A peste branca pelas memórias: a arquitetura dos sanatórios para a tuberculose em Portugal (1850-1970). ihmt [Internet]. 22Abr.2019 [citado 15Jul.2024];17:41-4. Available from: https://anaisihmt.com/index.php/ihmt/article/view/296