Acesso à especialização médica: o cenário português
Resumo
Na União Europeia cada estado-membro é responsável pela organização do processo de especialização dos médicos, de modo a garantir a sua formação adequada e capacitação profissional, no sentido de garantir uma prestação de cuidados de saúde com elevado nível de qualidade. No entanto, desde 2015, nem todos os formados em medicina, em Portugal, puderam aceder a um programa de formação especializada. O objetivo principal deste estudo foi calcular o número cumulativo de candidatos ao concurso de acesso à especialidade médica que nunca obtiveram uma vaga (candidatos sem vaga - CSV) em cada ano, desde 2012, e estimar a sua evolução até 2021. Os dados relativos aos candidatos à formação especializada foram recolhidos através de listas públicas, publicadas pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) e analisados com a utilização de um modelo de regressão polinomial. Foi analisado um total de 14214 candidaturas à especialização médica, desde 2012 até 2019. O número de CSV até 2018 foi de 2044. Este número triplicou entre 2015 (656) e 2018. Estimamos que este número cresça até 4148 no ano de 2021. O impacto desta tendência na qualidade dos cuidados de saúde e na dinâmica de recursos humanos em saúde carece ainda de esclarecimento.
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