Ondas de medo: o rio Parnaíba e os surtos de doenças relacionadas à água em Teresina-PI (1889-1930)

Resumo

 Esse trabalho objetiva analisar as condições de saúde e doença no cotidiano das populações beira-rio Parnaíba, em Teresina-PI, durante o período compreendido entre 1889 e 1930. Nesse momento, o Brasil experimentou mudanças significativas ao transitar de um regime monárquico para uma república. Os estados ganharam mais autonomia para solucionar problemas internos, como a questão da saúde. Entretanto, no contexto piauiense, a mudança política não resultou automaticamente em melhorias nesse setor. Os moradores das cidades do Piauí, inclusive da capital, se deparavam com serviços de saúde deficitários e se encontravam suscetíveis a várias doenças, dentre elas, as veiculadas pela água. Em Teresina, as moléstias gastrointestinais, como as diarreias, a disenteria e a gastroenterite, e as enfermidades decorrentes da picada de mosquitos que se proliferavam nos corpos d’água presentes nas ribanceiras eram comuns e faziam muitas vítimas entre os ribeirinhos. Essas discussões baseiam-se na análise de fontes primárias disponibilizadas pelo Arquivo Público do Piauí, que consistem principalmente em mensagens e relatórios governamentais, de 1889 a 1930, e documentos da Coleção Saúde Pública, da primeira metade do século XX. Para nortear as argumentações, foram consultadas autoras como Marinho (2018), Correia (2021) e Gandara (2010). Ao investigar os surtos de doenças em Teresina, entre 1889 a 1930, o presente artigo busca contribuir com a compreensão das complexas relações entre sociedade e saúde, através de uma análise histórica e interdisciplinar que se alinha à proposta do Dossiê One Health: novas abordagens históricas em contexto de COVID-19.