A propósito das Línguas nacionais de Angola
Resumo
O artigo aborda a questão relacionada com a situação das Línguas nacionais/Línguas africanas das antigas colónias europeias de África, com tónica sobre o caso de Angola onde o estatuto do Português enquanto língua oficial, continua a mantê-lo como referência exclusiva na administração do Estado, na educação, incluindo no ensino primário e no pré-escolar, com efeitos negativos não só sobre o rendimento escolar das crianças como no que respeita à memória da identidade cultural dos angolanos. De notar que desde a independência do país, se tomaram medidas no sentido de se prevenir o desaparecimento das línguas africanas, e de incumbir ao Estado o dever de proteger, valorizar e dignificar as Línguas nacionais, inscrito na Constituição. Nesse contexto foi criado o Instituto das Línguas Nacionais, que assume o essencial relativamente à investigação destinada a conhecer e divulgar tudo sobre as mesmas, incluindo os temas ligados à tradição oral por elas veiculados a sucessivas gerações durante séculos. Há ainda muito a fazer para se atingir o objectivo maior que consiste em confiar às referidas línguas o papel que lhes compete na educação, na alfabetização, na administração, na comunicação em geral e na cultura. É muito pouco provável haver consenso sobre a candidatura de uma das línguas nacionais ao estatuto de Língua principal. A melhor alternativa seria adoptar o bilinguismo entre Língua nacional dominante em cada Região ou grupo de Províncias, e o Português como língua segunda. Isso decidido e conseguido, na base de um largo diálogo em que as comunidades ou seus representantes devem participar, o resto fluirá naturalmente: a escolha do alfabeto a utilizar na harmonização da escrita das diversas línguas; a elaboração dos recursos didáticos necessários ao processo; a formação dos professores dos futuros professores.
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Referências
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