António Damas Mora e o combate às doenças tropicais em Angola (1921-1934)
Resumo
Compromissos internacionais assumidos após a Conferência de Berlim (1884-85), fatores económicos relacionados com maior produtividade e razões humanitárias, explicam o grande progresso da Medicina Tropical nas antigas colónias portuguesas no período compreendido entre o início e o fim dos anos 20 do século XX. António Damas Mora foi um importante protagonista desse progresso. Entre 1921 e 1934, com algumas intermitências ditadas por razões políticas, esteve à frente dos Serviços de Saúde e Higiene de Angola tendo como preocupação central melhorar as condições sanitárias e higiénicas das populações e promover a subida do índice demográfico num território em que a densidade populacional não atingia 3 hab/km2. Para atingir estes fins implementou o Programa de Assistência Médica aos Indígenas (AMI), visando não só o combate às endemias, em especial a Doença do Sono, mas também, o progresso social das populações. Preocupado com o nível científico dos médicos do quadro de Angola, promoveu aquilo a que chamou “osmose científica”, para o que organizou o 1º Congresso Internacional de Medicina Tropical da África Ocidental, e fundou revistas médicas especialmente orientadas para os médicos dispersos pelo vasto território. Tendo antes chefiado os Serviços de Saúde de S. Tomé e Príncipe (1902-1910) e de Timor (1914-1919) acabou a sua “peregrinação” em Macau (1934-1936). No regresso à Metrópole foi nomeado diretor do Instituto de Medicina Tropical de Lisboa.
Downloads
Referências
2. Costa JPO, Rodrigues JD, Oliveira PA (2014). História da Expansão e do Império Português. A Esfera dos Livros, Lisboa.
3. (1902). Notícia sobre lição inaugural do Curso de Pathologia Exótica, regido na Escola Naval, pelo professor D. António de Lencastre. Diário de Notícias, 24.4.1902.
4. Mora AD (Junho 1941). História da Escola de Medicina Tropical. África Médica, ano VIII, 6: 339.
5. Amaral I (2008). The Emergence of Tropical Medicina in Portugal: the School of Tropical Medicine and the Colonial Hospital of Lisbon (1902-1935).
Dynamics, 28: 299-326.
6. Correia Mendes A, Silva Monteiro, Mora AD, Bruto da Costa B (1909). Relatório preliminar da Missão de Estudo da Doença do Sono na Ilha do Príncipe. Archivos de Hygiene e Pathologia Exóticas, 2 (1): 3-45.
7. Manson-Bahr P. Enfermedades Tropicales (1924). Salvat editores S.A., Barcelona.
8. Mora AD. (1934). Prefácio da Tese de Licenciatura de Bruno de Mesquita. Considerações sobre a profilaxia da doença do sono em Angola. Faculdade de Medicina, Universidade de Coimbra, Coimbra: 13-14.
9. Mora AD (1917). O Serviço de Saúde em Timor nos anos 1914, 1915 e 1916. Imprensa Nacional de Timor.
10. (1921). Jornal do Comércio (Luanda), 57, 30.4.1921: 1.
11. Mora AD. Processo individual do AHU. Nota dos Assentos.
12. Camoesas J (1929). Sobre a organização da Assistência Médica Indígena. Boletim da Assistência Médica ao Indígena e da Luta contra a Moléstia do Sono, Vol. III, 2: 140.
13. Mora AD (1921). À Margem da epidemia. Jornal do Comércio (Luanda), 56, (23.4.1921): 1.
14. Mora AD (1921). Apontamentos sobre a epidemia de Peste Bubónica em Luanda. Revista Médica de Angola, 1, 1.8.1921:11- 153.
15. Mora AD (1921). Jornal do Comércio (Luanda), 2º ano, 63, 18.6.1921: 1.
16. D’ Almeida C. (1927). Os trabalhos das Missões do Sono estabelecidas nos Distritos do Congo e Zaire em 1923 (com prefácio de Damas Mora). Revista Médica de Angola, 5: 11- 48.
17. (1925). Comptes-rendus do 1º CIMTAO I. Revista Médica de Angola, 4 :63
18. (1925). O Século, 26.1.1925.
19. Rebêlo F. Revista Médica de Angola, 5, 1.1.1927: 88-91.
20. Coghe S. (2016). Reordering Colonial Society: Model Villages and Social Planning in Rural Angola, 1920-45. Journal of Contemporary History,
(DOI:0.1177/0022009416633282).
21. A Província de Angola, 29.11.1923;
22. A Província de Angola, 3.1.1924;
23. A Província de Angola, 21.2.1924.
24. Kopke A. A Medicina Contemporânea, 18, 2.5.1926: 139-141.
25. O Século, 3.7.1926;
26. Comércio de Angola, 7.8.1926;
27. A Província de Angola, 28.9.1926;
28. A Medicina Contemporânea (1926), 43: 353-7 e 393-6.
29. Coghe S. Inter-Imperial Learning and African Health Care in Portuguese Angola in the Interwar Period. Social History of Medicine, vol. 28 (1):134-154.
30. Castro R (2013). A Escola de Medicina Tropical de Lisboa e a afirmação do Estado Português nas Colónias Africanas (1902-1935) - Dissertação de doutoramento, Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Lisboa: 109. In: https://run.unl.pt/handle/10362/12163
31. Mora AD (1930). Memória apresentada no 3º Congresso Colonial Nacional. O estado actual da assistência médica aos indígenas na colónia de Angola e outras colónias estrangeiras do grupo da África inter-tropical: 51.
32. Costa AG (1935). Assistência Médica ao Indígena e Combate à Doença do Sono. In: Moura F (ed.). Generalidades sobre Angola. Para o 1º Cruzeiro de Férias às Colonias Portuguesas. Imprensa Nacional, Luanda: 59-64.
33. (1928). Boletim mensal da Luta contra a propagação da Moléstia do Sono e da Assistência ao Indígena, Março de 1928: 12.
34. (1928). A Província de Angola, 5.11.1928: 1.
35. Processo individual de António Damas Mora, Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Procº 90.760, Pr, cx 5620.
36. (1928). A Província de Angola, 29.11.1928: 1.
37. A Província de Angola” de 28.12.1929, pg. 1, e não do livro de F.R. Meneze
38. Meneses FR (2009). Salazar – Uma Biografia Política. D. Quixote, Lisboa
39. A Província de Angola, entre 20.3.1930 e 1.4.1930.
40. Coghe S (2015). Tension on Colonial Demography. Depopulation Anxieties and Population Statistics in Interwar Angola. Contemporânea, ano XVIII, 3: 472-478.
41. Mora, AD (1940). A mortalidade infantil de brancos e indígenas nas colónias de Angola e de Moçambique, suas causas principais e remédios possíveis. Métodos para a organização de estatística da mortalidade infantil. Comunicações ao 4º Congresso Colonial Nacional: 565-575.
42. Kopke A (1936). Politica Sanitária do Império. Agência Geral das Colónias:
43. Mora AD. (1934). Serviços de Saúde e Higiene – considerações finais de um relatório do seu Diretor. A Província de Angola, 27.6.1934: 1-2.
44. Abranches P (2004). O Instituto de Higiene e Medicina Tropical – um século de História – 1902 – 2002. CELOM, Lisboa.