A lepra no estado do Espírito Santo (1930-1943): a construção do Leprosário Colónia de Itanhenga
Resumo
Este artigo procura apresentar como foram executadas as etapas que levaram à construção do leprosário Colónia de Itanhenga, inaugurado em 1937, destinado ao isolamento compulsório dos leprosos que existiam no estado do Espírito Santo. Durante muitos anos, os poucos casos de lepra registrados no estado levaram a crer que esta era uma região indene à esta doença. Porém, com a chegada do médico Pedro Fontes, em agosto de 1927, indicado para chefiar a Inspetoria de Profilaxia da Lepra e Doenças Venéreas, a real situação foi identificada. Em 1932, após a conclusão de censo efetuado no estado, foram confirmados 334 casos de lepra. Diante deste quadro, Pedro Fontes buscou o apoio do Governo Estadual para a construção de um leprosário para receber estes doentes. A construção deste leprosário estava inserida no período de reestruturação e centralização da saúde pública brasileira, ocorrida durante o governo do Presidente da República Getúlio Vargas, entre 1930 e 1945, em que se registrou uma grande atenção à endemia de lepra no Brasil. A principal ação da política estabelecida pelo Ministro da Educação e Saúde Gustavo Capanema, para impedir o avanço da doença foi a construção de leprosários em diversas regiões do país. O caso particular do estado do Espírito Santo e da construção da Colónia de Itanhenga pode ser valioso para o estudo comparativo dos esforços efetuados por autoridades governamentais e pela sociedade civil para a luta contra a lepra em contextos históricos semelhantes. Para este estudo foram utilizadas as seguintes fontes textuais: documentos, cartas e impressos que pertencem ao arquivo pessoal de Gustavo Capanema, depositado no Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil / Fundação Getúlio Vargas; notícias e matérias publicadas nos jornais dos estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo; livros e artigos escritos pelo médico Heraclides Cesar de Souza-Araujo, publicados na revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz; mensagens e relatórios de governo do estado do Espírito Santo.
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Referências
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