Órfãos da saúde pública: vozes da infância da lepra no Brasil

  • Lilian Souza Especialista em Saúde Pública, Mestre em Serviço Social, Doutoranda em Políticas Públicas e Formação Humana Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Brasil
Palavras-chave: Lepra, saúde pública, história oral, filhos sadios e preventórios

Resumo

Este artigo apresenta a revisão de uma pesquisa que teve como objetivo investigar a história dos filhos sadios separados dos pais doentes de lepra, que foram isolados compulsoriamente por determinação do Estado brasileiro. Através da metodologia da pesquisa qualitativa baseada na técnica de história oral, bem como a pesquisa documental por meio de fontes secundárias, resgatamos uma história da saúde pública no Brasil e suas diversas formas de vigilância e controlo da doença e do doente de lepra. Concluímos que como impactos da medida de segregação e afastamento de pais e filhos, ocorreu o aprofundamento do estigma social, o rompimento do vínculo com a família e com as redes de sociabilidade, além da restrição das oportunidades de (re)socialização, conformando um modo de discriminação que se reflete na vida dos sujeitos atingidos pela doença e na de seus familiares.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

1. Goffman E (1999). Manicômios, prisões e conventos. 6ª ed. São Paulo: Perspectiva.

2. Sanglard G, Ferreira LO. (2014) Filantropos da Nação. Sociedade, saúde e assistência no Brasil e em Portugal, Rio de Janeiro, Editora FGV.

3. Rizzini I (1997). O Século perdido: raízes históricas das políticas públicas para a infância no Brasil. Rio de Janeiro: Petrobrás-BR: Ministério da Cultura: USU Ed. Universitária: Amais.

4. Pillotti F, Rizzini I (1995). A arte de governar crianças: a história das políticas sociais, da legislação e da assistência à infância no Brasil. Rio de Janeiro: Instituto Interamericano de El Niño/Ed. Santa Úrsula/Amais Livraria e Editora.

5. Stepan NL (2004). Eugenia no Brasil, 1917-1940. In: Hochman, Gilberto; Armus, Diego (Org). Curar, controlar, cuidar: ensaios históricos sobre saúde e doença na América Latina e Caribe. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz p.331-391.

6. Souza LAS (2013). Órfãos da Saúde Pública: violação dos direitos de uma geração atingida pela política de controlo da hanseníase no Brasil. Dissertação de Mestrado. Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Brasil.

7. Fonseca CMO (2007). Saúde no Governo Vargas (1930-1945): dualidade institucional de um bem público. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ.

8. Gomide LRS (1991). Órfãos de pais vivos – A lepra e as instituições preventoriais no Brasil: estigmas, preconceitos e segregação. Dissertação de mestrado. Universidade de São Paulo, Brasil.

9. Silva CC (2009). Crianças Indesejadas: estigma e exclusão dos filhos sadios de portadores de hanseníase internados no preventório Santa Terezinha 1930-1967. Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo, Brasil.

10. Monteiro YN (1998). Violência e Profilaxia: os preventórios paulistas para filhos de portadores de hanseníase. Revista Saúde e Sociedade, v.7, n.1: 3-26.

11. Mattos DM, Fornazari SK (2005). A lepra no Brasil: representações e práticas de poder. Cadernos de Ética e Filosofia Política 6: 45-57.

12. Alberti V (2005). Manual de História Oral. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV.

13. Curi LM (2006). Lepra e preventórios do Brasil: a Educação a serviço do “bem”. Evidência: olhares e pesquisa em saberes educacionais. UNIARAXÁ. Ano II, n° 2, 149-179.

14. Pollack M (1989). Memória, Esquecimento, Silêncio. Estudos Históricos, Rio de Janeiro.

15. Delgado LAN (2006). História oral e narrativa: tempo, memória e identidades. Autentica Editora.

16. Nascimento DR, Marques VRB (2011). Hanseníase: a voz dos que sofreram o isolamento compulsório. Curitiba: Ed. UFPR.
Publicado
2018-06-24
Como Citar
1.
Souza L. Órfãos da saúde pública: vozes da infância da lepra no Brasil. ihmt [Internet]. 24Jun.2018 [citado 20Abr.2024];15(1):81-8. Available from: https://anaisihmt.com/index.php/ihmt/article/view/81
Secção
Doenças, agentes patogénicos, atores, instituições e visões da medicina tropical