A Leishmaniose Tegumentar Americana e a construção do conhecimento científico entre a América do Sul e a Europa
Resumo
Este artigo tem como objetivo principal retratar, de maneira sucinta, o debate médico-científico ocorrido nas primeiras décadas do século XX sobre as proposições de individualização dos quadros clínicos e dos agentes patogénicos das manifestações de leishmanioses encontradas na região sulamericana. Em consonância com os novos estudos e conceitos europeus sobre as doenças prevalentes em seus respetivos territórios coloniais, feitos a partir das últimas décadas do século XIX, médicos de diferentes países da América do Sul buscavam entender e combater as doenças que representavam problemas de saúde pública em suas realidades locais. Correlacionando quadros clínicos e supostos protozoários patogénicos diferenciados do género Leishmania, pesquisadores atuantes, sobretudo, no Brasil e no Peru passaram a advogar a necessidade da particularização das manifestações americanas quando comparadas aos conhecidos quadros do botão do Oriente e do calazar, gerando um longo e ávido debate médico entre especialistas situados nessas duas regiões em um circuito de construção de conhecimento interativo, embora assimétrico.
Downloads
Referências
2. Gavroglu K (2007). O passado das ciências como história. Porto editora, Porto, Portugal.
3. Arnold, D. Diseases, medicine and Empire, In: Arnold, D. (org.) (1996). Imperial medicine and indigenous societies. Manchester University Press, Manchester, New York, Estados Unidos.
4. Killick-Kendrick, R (2010). Oriental sore: an ancient tropical disease and hazard for European travelers. Wellcome History. Vol. 43, Londres, Inglaterra.
5. Russell, A (1756). The Natural History of Aleppo and parts. Capítulo IV. Mal of Aleppo. Londres, Inglaterra.
6. Fox, W, Farquar, T. (1876) On certain endemic skin and other diseases of India. Londres, Inglaterra.
7. Manson, P. (1898.) Tropical Diseases – A manual of the diseases of Warms Climates. 1. Ed. Londres, Inglaterra
8. Manson, P. (1906) Tropical Diseases – A manual of the diseases of Warms Climates. 3. Ed. Londres, Inglaterra
9. Grove, D. (2014) Tapeworms, Lice, and Prions: A Compendium of Unpleasant Infections. Oxford, Londres, Inglaterra
10. Jacobson, R. (2003) Leishmania tropica (Kinetoplastida: Trypanosomatidae) – a perplexing parasite. Folia parasitalógica. N. 50, Republica Checa
11. Carini, A. (1911) Leishmaniose de la muqueuse rhino-bucco-pharyngée, Bulletin de la Société Pathologie Exotique. vol. 4, n.5 Paris, França
12. Escomel E. (1911) La espundia. Bulletin de la Société Pathologie Exotique. vol. 4, n.7, Paris, França
13. Vianna G. (1911) Sobre uma nova espécie da Leishmania. Brazil Médico, Ano 25, Rio de Janeiro, Brasil
14. Laveran A, Nattan-Larrier. L. (1912) Contribution à l’étude de la espundia. Bulletin de la Société Pathologie Exotique. vol. 5, n.6, Paris, França
15. LAVERAN, A. & NATTAN-LARRIER. L. (1912) Contribution à l’étude de la espundia (Deuxième note). Bulletin de la Société Pathologie Exotique. vol. 5, n.3, Paris, França
16. VIANNA, G. (1912) Parasitismo da célula muscular lisa pela
17. LAVERAN, A. (1915) Leishmaniose américaine de la peau et des muqueuses. Bulletin de la Société Pathologie Exotique. vol. 8, n. 6, Paris, França
18. ESCOMEL, E. (1916) Contribution à l’étude de la leishmaniose américaine (Laveran et Nattan-Larrier). Bulletin de la Société Pathologie Exotique. vol. 9, n.4, Paris, França
19. DA MATTA, A. (1916) Sur les leishmanioses tégumentaires. Classification générale des leishmanioses. Bulletin de la Société Pathologie Exotique. vol. 9, n.7, Paris, França
20. DA MATTA, A. (1916b) Tableau synoptique de la classification des leishmanioses. Bulletin de la Société Pathologie Exotique. vol. 9, n.10 Paris, França
21. Shapin S, Schaffer S. El leviathan y la bomba de vacio. (2005) Hobbes, Boyle y la vida experimental. Universidad Nacional de Quilmes Ed, Buenos Aires, Argentina.
22. Aragão H. de. (1922) Transmissão da leishmaniose no Brasil pelo phlebotomus intermedius. Memórias do IOC. Ano 36, vol. 1, Rio de Janeiro, Brasil.