Doenças negligenciadas nos países de língua portuguesa, uma análise da hanseníase segundo o estudo Carga Global de Doenças, 1990 a 2019

  • Deborah Carvalho Malta Escola de Enfermagem, Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte (MG), Brasil
  • Maria do Rosário O. Martins Professora Catedrática, Unidade de Saúde Pública Global, Global Health and Tropical Medicine (GHTM), Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT), Universidade Nova de Lisboa (UNL), Lisboa, Portugal
  • Renato Azeredo Teixeira Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública, Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, (MG), Brasil
  • Marcelo U. Ferreira Instituto de Higiene e Medicina Tropical. Universidade Nova de Lisboa, Portugal; Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil
  • Mohsen Nagavi Institute for Health Metrics and Evaluation, Seattle, University of Washington, Washington, Estados Unidos da América
Palavras-chave: Doenças negligenciadas, Hanseníase, incapacidades, Países em desenvolvimento, carga de doenças, prevalência, incidência, vulnerabilidades

Resumo

Introdução: A hanseníase persiste como problema de saúde pública na maioria nos países da Comunidade de Língua Portuguesa.
Objetivo: Analisar as séries temporais de incidência, prevalência e anos de vida pedidos segundo incapacidades (YLD) associados à hanseníase na população dos países CPLP, além de comparar o desempenho dos países segundo índices sociodemográficos, utilizando dados do estudo Carga Global de Doenças (GBD) entre 1990 e 2019.
Métodos: Estudo de series temporais utilizando dados do GBD referentes a Hanseníase no período de 1990 a 2019.
Analisou-se: prevalência, incidência e YLD, comparando as taxas e o percentual de mudança entre 1990 e 2019, entre os paises de língua portuguesa. Apresentam-se ainda as tendências entre 1990 e 2019. Testou-se a correlação entre YLD e o Indice Demografico e Social (SDI), que variam entre 0 a 1, sendo 0 o pior escore e 1 o melhor. A correlação foi calculada empregando-se a regressão linear simples.
Resultados: A taxa de incidência foi mais elevada em Moçambique (13,1/100.000 hab), seguida do Timor Leste, Guiné Equatorial, Angola e Brasil havendo um declínio da taxa de incidência em todos os países, o menor declínio ocorreu no Brasil (-26,9%). As taxas de prevalência também reduziram no período estudado. Portugual não teve novos casos, nem casos prevalentes. Quanto aos anos perdidos por incapacidades, todos os países apresentaram taxas altas em 1990 destacando-se Guiné Equatorial (7,5/100.000 hab), que teve o maior declínio (-97,1%), seguido de Moçambique (6,2/100.000 hab.). Todos os países apresentaram declínio no período de 1990 a 2019, o Brasil apresentou o menor (-7,8%). A correlação entre SDI e YLD foi negativa (R= - 0,68 p< 0,0001), ou seja, à medida que aumentou o SDI, reduziram-se as taxas de incapacidade.
Conclusão: A hanseníase constitui-se em um grande desafio de Saúde Pública na maior parte dos países do CPLP e está fortemente associado à pobreza e à desigualdade social. Embora tenham ocorridos avanços, com redução de prevalência, incidência e incapacidades, a hanseníase exige prioridade e intervenções apropriadas. Os dados do GBD podem apoiar o diagnóstico de situação e a comparação entre os países.

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Publicado
2024-01-31
Como Citar
1.
Carvalho Malta D, O. Martins M do R, Teixeira R, U. Ferreira M, Nagavi M. Doenças negligenciadas nos países de língua portuguesa, uma análise da hanseníase segundo o estudo Carga Global de Doenças, 1990 a 2019. ihmt [Internet]. 31Jan.2024 [citado 26Dez.2024];22(2):33-0. Available from: https://anaisihmt.com/index.php/ihmt/article/view/454