Bauru e a sua úlcera: a estrada de ferro noroeste do Brasil – nob – e as condições sanitárias da cidade sob o olhar da imprensa

  • Fabio Paride Pallotta Doutorando da FCT NOVA – School of Science ande Technology – Departamento de Ciências Sociais Aplicadas (DCSA) – História, Filosofia e Património da Ciência e Tecnologia – Campus do Monte da Caparica
Palavras-chave: Bauru, Ferrovia NOB, condições sanitárias de Bauru, Úlcera de Bauru, Leishmaniose, O Bauru, O Diário da Noroeste

Resumo

No contexto da reflexão mais alargada do tema “Uma só saúde, novas abordagens históricas pós COVID-19” procuramos trazer um tema que ilustra a íntima relação entre a saúde humana, o mundo animal e o meio ambiente, que se insere na história da medicina tropical, e, em particular da história das Leishmanioses. Este trabalho tem por objetivo analisar a relação entre a construção da linha férrea na região noroeste do Estado de São Paulo, no Brasil (NOB) (com início em Bauru) e as condições sanitárias da cidade, veiculadas na imprensa generalista do Estado de São Paulo, O Bauru e o Diario da Noroeste, entre 1916 e 1930. A cidade nasceu em torno da produção de café, que catapultou a construção do Caminho de Ferro, a partir de 1906. Esta linha férrea atravessava metade do Estado de São Paulo, e a região sul do Mato Grosso, até a cidade de Corumbá na fronteira da Bolívia com uma extensão aproximada de 1400 quilómetros. A destruição das matas nativas permitindo a proliferação do mosquito palha – Lutzomia - deu início à proliferação da Leishmaniose batizada com o nome da cidade sede da NOB, Bauru. As condições precárias de higiene da cidade entre 1916 e 1930, apesar da inauguração de hospitais, permitiram que a úlcera de Bauru se disseminasse, bem como outras doenças, conduzindo a um cenário de grandes preocupações no contexto da saúde pública no Brasil e da história das Leishmanioses à escala global.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia Autor

Fabio Paride Pallotta, Doutorando da FCT NOVA – School of Science ande Technology – Departamento de Ciências Sociais Aplicadas (DCSA) – História, Filosofia e Património da Ciência e Tecnologia – Campus do Monte da Caparica

 

 

Referências

Domingues LP, Fernandes E. Fronteira Infinita: índios, bugreiros, escravos e pioneiros na Bahurú do século XIX. 1.ed. Bauru: Universo Elegante Produção Cultural; 2018. 191p.

Moratelli T. Operários da empreitada: os trabalhadores da estreada de ferro Noroeste do Brasil (São Paulo e Mato Grosso, 1905 – 1914). 1. ed. Campinas: Editora da Unicamp, 2013. 272p.

Lei de Terras – Número 601 de 18 de setembro de 1850. [Internet]. 1850.[citado 2024 mar 01].

Queiroz PR. Uma ferrovia entre dois mundos: a E. F. Noroeste do Brasil na primeira metade do século 20. 1.ed. Bauru: EDUSC; Campo Grande: UFMS. 2004. 528p.

Castro, MI. O preço do progresso: a construção da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (1905-1914). [internet] [Dissertação de mestrado]. Campinas: Instituto de filosofia e Ciência Humanas/Unicamp;1993 [citado 2024 mar.01]. Disponível em: https://repositorio.unicamp.br/acervo/detalhe/62549

Benchimol JL, Da Silva AF. Ferrovias, doenças e medicina tropical no Brasil da Primeira República. [Internet]. 2008.[citado 2024 mar 01]. História, Ciências, Saúde – Manguinhos. 15 (3): 719-762. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-59702008000300009

Camargo LM, Barcinski MA. Leishmanioses, feridas bravas e kalazar. Ciência e Cultura. 2003; 55(1): p. 34-37.

“É desaforo”. O Bauru, 02 de jul. 1916, p.1.

Pinheiro B. “O estado sanitário da noroeste – a lenda da úlcera de Baurú”. Diario da Noroeste, 27 de mai. 1926, p.1.

Pinheiro B. Diario da Noroeste, 28 mai. 1926, p.1.

Communicado da Inspectoria Sanitaria de Baurú. Vaccinação contra Varíola. Diario da Noroeste, 20 de ago. 1925, p.1.

Um novo tratamento para a Leishmaniose. Diario da Noroeste, 18 de mai. 1926, p.1.

Amaral IM, Diogo MP. Introdução. In: Amaral IM, Diogo, MP. A outra face do Império: ciência, tecnologia e medicina (sécs. XIX e XX), Coordenadores. Lisboa: Edições Colibri. 2012. p.07-16.

Jogas Junior DG. Leishmaniose tegumentar americana em perspetiva histórica e global (1876-1944). [internet] [Tese de Doutorado em História das Ciências e da Saúde] Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz. 2019. 281p. [citado 2024 mar.01]. Disponível em:https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/handle/icict/50328/va_Denis_Jogas_Junior_COC_2019.pdf?sequence=2&isAllowed=y

Mota A, Schraiber LB. A Leishmaniose pelos sertões paulistas: uma longa endemia. In: Mota A. Os Sertões Paulistas: medicina, saúde pública e a invenção do território. 1ª ed. São Paulo: Alameda, 2021. 467p.

Goodland RJ, Irwin SH. A selva amazônica: do inferno verde ao deserto vermelho? Tradução de Regina Regis Junqueira. São Paulo: Itatiaia; Ed. Da Universidade de São Paulo, 1975. 160p.

Deutsche Welle [internet]. Brasil. Entrevista. Nádia Pontes com o cientista Carlos Afonso Nobre – Cientista Carlos Nobre fala sobre “enorme risco” de a Amazônia sumir; c2022 [citado 2024 mar.01]. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=kjsYwbh7kTY&t=166s

Publicado
2024-05-30
Como Citar
1.
Pallotta F. Bauru e a sua úlcera: a estrada de ferro noroeste do Brasil – nob – e as condições sanitárias da cidade sob o olhar da imprensa. ihmt [Internet]. 30Mai.2024 [citado 15Jul.2024];23(1):91-01. Available from: https://anaisihmt.com/index.php/ihmt/article/view/481