Avaliação do alcance das metas do plano de enfrentamento das doenças crónicas não transmissíveis no Brasil, 2011-2022
Resumo
Objetivo: avaliar o alcance das metas nas taxas de mortalidade e prevalência de exposição a fatores de risco e proteção definidas no Plano de ações estratégicas para o enfrentamento das Doenças Crónicas Não Transmissíveis (DCNT) no Brasil, 2011-2022.
Métodos: estudo avaliativo, sendo analisadas as tendências de mortalidade e de fatores de risco para as DCNT de acordo com dados do Global Burden of Disease e do inquérito Vigitel. Utilizou-se a regressão linear e considerou-se o nível de significância de 5%.
Resultados: a variação na taxa de mortalidade prematura para todas as DCNT no período de 2011 a 2014 foi superior a meta de redução de 2% ao ano. Em 2015, o declínio foi menor e a partir de 2016 ocorreu aumento da mortalidade. Quanto aos fatores de risco, tendências favoráveis no período de 2010 a 2014, foram revertidas em 2015 a 2018. A partir das projeções, verificou-se que as metas de redução da obesidade, consumo abusivo de álcool, hipertensão e diabetes e o aumento da cobertura do exame Papanicolau não deverão ser atingidas até 2022.
Conclusão: algumas metas estabelecidas no plano para redução das DCNT e fatores de riscos poderão não ser atingidas. Assim, novos esforços governamentais e a retomada desta prioridade se tornam essenciais, considerando a carga de doenças do país.
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